A energia solar é a principal fonte que alimenta os sistemas fotovoltaicos. Ao incidir sobre qualquer superfície exposta, a radiação solar pode ser decomposta em três componentes: direta, difusa e refletida. A componente direta provém da linha de visada direta com o Sol, a difusa resulta da dispersão atmosférica e a refletida é proveniente da reflexão em superfícies vizinhas. A densidade de potência solar ao nível do mar, sob condições STC (Standard Test Conditions), é tipicamente considerada como 1 000 W/m². Essa radiação gera tanto efeitos elétricos — através da conversão em energia útil pelas células fotovoltaicas — quanto efeitos térmicos, ao ser absorvida e transformada em calor.
Os módulos fotovoltaicos convertem parte da energia solar em eletricidade por meio do efeito fotoelétrico interno às junções semicondutoras. O rendimento elétrico ηel de um módulo comercial varia entre 15% e 22%. O restante da energia solar incidente (cerca de 78% a 85%) é, em sua maioria, convertido em calor dentro do próprio módulo ou refletido de volta ao ambiente. A fração de energia absorvida termicamente caracteriza o comportamento hidráulico e convectivo da área coberta.
Conceitos Fundamentais
Energia Solar e Radiação
A energia solar é a principal fonte que alimenta os sistemas fotovoltaicos. Ao incidir sobre qualquer superfície exposta, a radiação solar pode ser decomposta em três componentes: direta, difusa e refletida. A componente direta provém da linha de visada direta com o Sol, a difusa resulta da dispersão atmosférica e a refletida é proveniente da reflexão em superfícies vizinhas. A densidade de potência solar ao nível do mar, sob condições STC (Standard Test Conditions), é tipicamente considerada como 1 000 W/m². Essa radiação gera tanto efeitos elétricos — através da conversão em energia útil pelas células fotovoltaicas — quanto efeitos térmicos, ao ser absorvida e transformada em calor.
Placas Fotovoltaicas
Os módulos fotovoltaicos convertem parte da energia solar em eletricidade por meio do efeito fotoelétrico interno às junções semicondutoras. O rendimento elétrico ηel de um módulo comercial varia entre 15% e 22%. O restante da energia solar incidente (cerca de 78% a 85%) é, em sua maioria, convertido em calor dentro do próprio módulo ou refletido de volta ao ambiente. A fração de energia absorvida termicamente caracteriza o comportamento hidráulico e convectivo da área coberta.
Transferência de Calor em Edificações
Em edificações, a transferência de calor ocorre por condução, convecção e radiação. No caso de coberturas, a condução se dá através dos materiais que compõem o telhado; a convecção ocorre na interface entre a superfície externa e o ar atmosférico; e a radiação envolve emissão e absorção de ondas infravermelhas. O balanço energético na superfície define a temperatura de pele do telhado e, consequentemente, o aporte de calor para o interior do edifício.
Fundamentos Matemáticos/Técnicos
Balanço de Energia no Sistema Telhado + Módulo Fotovoltaico
Para determinar se as placas fotovoltaicas reduzem o calor na superfície onde estão instaladas, parte-se do balanço de energia estacionário na face externa:
\( Q_{inc} = Q_{el} + Q_{th} + Q_{ref} + Q_{loss} \)
onde:
- Qinc é a energia solar incidente (W);
- Qel = ηel · Qinc é a energia convertida em eletricidade;
- Qth é a energia absorvida termicamente pelo módulo;
- Qref é a energia refletida;
- Qloss agrega perdas convectivas e radiativas.
A parcela Qth eleva a temperatura do painel, e parte dessa energia é transferida ao ar ambiente por convecção e radiação. Isso reduz o fluxo de calor conduzido ao telhado, pois o módulo atua como uma barreira térmica e uma tomada de calor para conversão elétrica.
Modelagem da Temperatura das Células
Para análises de projeto, costuma-se estimar a temperatura da célula fotovoltaica (Tcell) a partir de um balanço simplificado:
\( T_{cell} = T_{amb} + \frac{Q_{th}}{h \, A} \)
em que Tamb é a temperatura ambiente, A é a área do painel e h é o coeficiente global de troca convectiva e radiativa. Admitindo-se que Qth ≈ (1 – ηel – ρ) I A, com ρ o coeficiente de reflexão e I a irradiância, obtém-se:
\( T_{cell} = T_{amb} + \frac{(1 - \eta_{el} - \rho)\, I}{h} \)
Essa formulação evidencia que o painel se encontra a uma temperatura intermediária entre o teto nu e o ambiente, favorecendo a redução de calor conduzido.
Análise Comparativa de Temperaturas
Comparar o comportamento de um telhado com e sem módulo fotovoltaico requer simular ou medir as temperaturas de superfície em condições idênticas de irradiância, velocidade de vento e temperatura ambiente. Para um telhado nu, o balanço simplificado é:
\( I\,A\,\alpha = h_{roof}\,A\,(T_{roof} - T_{amb}) + \varepsilon \sigma A (T_{roof}^4 - T_{sky}^4) \)
onde α é a absortividade do telhado, ε a emissividade, σ a constante de Stefan–Boltzmann e Troof a temperatura da superfície exposta. A instalação do módulo altera α, h e a geometria de troca, de modo que a temperatura do telhado sob o módulo (T′roof) tende a ser menor que Troof, pois grande parte da energia é redirecionada para
Qel e Qloss no módulo.
Implementação Prática
Instalação em Telhados Convencionais
Em coberturas inclinadas de edificações residenciais e comerciais, a montagem de módulos fotovoltaicos é feita sobre estruturas metálicas ou de alumínio. Deve-se assegurar um afastamento mínimo entre o módulo e o material de cobertura para permitir a circulação de ar e a remoção do calor. Em geral, recomenda-se um espaçamento entre 5 cm e 15 cm. Esse espaço funciona como canal de convecção forçada pelo vento, aumentando o coeficiente h e, consequentemente, melhorando a dissipação de calor do painel.
Sistemas BIPV (Building Integrated Photovoltaics)
Em projetos de BIPV, os módulos fotovoltaicos substituem elementos construtivos, como telhas ou fachadas. Nessa configuração, o módulo torna-se uma camada estrutural, possibilitando múltiplas funções: geração elétrica, proteção contra intempéries e sombreamento. A dissipação de calor em BIPV pode ser ainda mais eficiente se houver espaço para ventilação interna ou integração com sistemas de ventilação mecânica.
Estudos de Caso
Pesquisas experimentais apontam reduções de temperatura de até 5 °C na superfície do telhado sob módulos fotovoltaicos, comparados a coberturas não sombreadas. Em climas quentes, a temperatura interna de edificações pode diminuir em média 2 °C a 3 °C durante o pico de insolação, resultando em economia de energia para refrigeração. Em cada projeto, a magnitude desse benefício depende de fatores como:
- Orientação e inclinação dos módulos;
- Velocidade média do vento local;
- Propriedades térmicas da cobertura original;
- Espaçamento e ventilação atrás dos módulos.
Considerações Gerais
Os módulos fotovoltaicos desempenham um duplo papel térmico: ao mesmo tempo em que absorvem radiação e elevam sua própria temperatura de superfície, reduzem o calor conduzido ao telhado. Sob a perspectiva do conforto térmico interno, isso pode significar menor carga de ar-condicionado e, portanto, redução de consumo elétrico adicional. Todavia, é crucial balancear dois aspectos:
- Eficiência Elétrica: Quanto maior a temperatura dos módulos, menor o rendimento elétrico. Uma boa ventilação e escolha de módulos com baixo coeficiente de temperatura minimizam esse efeito.
- Barreira Térmica: O módulo deve permanecer relativamente quente para gerar energia, mas ao mesmo tempo atuar como isolante entre a cobertura e o ambiente.
Projetos sem ventilação adequada podem levar a temperaturas de célula muito elevadas, prejudicando rendimento e durabilidade. Por outro lado, ventilação excessiva sem sombreamento eficiente reduz o efeito de isolamento térmico.
Conceitos Avançados
Sistemas PV/Térmicos (PV/T)
Os sistemas híbridos PV/T combinam a geração elétrica fotovoltaica com a coleta térmica de fluido (água ou ar), retirando o calor excedente do módulo. Isso permite manter a célula em temperatura mais baixa, elevando ηel, enquanto o calor extra é aproveitado para aquecimento de água ou ambientes.
O balanço de energia formal para um PV/T de fluxo de fluido pode ser escrito como:
\( Q_{t} = \dot{m} c_p (T_{out} - T_{in}) = (1 - \eta_{el} - \rho) I A - h_{loss} A (T_{cell} - T_{amb}) \)
Nesse caso, Qt é a taxa de calor útil extraída, ṁ a vazão mássica do fluido e cp o calor específico. Sistemas PV/T podem aumentar o rendimento global (elétrico + térmico) para valores acima de 70%.
Simulação Computacional (CFD e Energetic Modelling)
Ferramentas de dinâmica de fluidos computacional (CFD) e softwares de simulação energética (por exemplo, TRNSYS, EnergyPlus) permitem analisar detalhadamente o perfil de temperaturas de módulos e telhados. Modelos tridimensionais consideram:
- Mapeamento de irradiância solar e sombreamento;
- Convecção natural e forçada entre módulos e cobertura;
- Propriedades anisotrópicas dos materiais.
A simulação integrada fornece resultados sobre:
- Temperatura de superfície em regime permanente e transitório;
- Fluxo de calor para o interior da edificação;
- Efeito microclimático local.
Impacto no Microclima Urbano
Em nível urbano, grandes áreas de módulos fotovoltaicos atuam como sombreamento no topo de edifícios, contribuindo para reduzir o efeito de ilha de calor nas cidades. A reflexão seletiva e a absorção parcial da radiação mitigam o aquecimento intenso de superfícies convencionais (concreto e asfalto), promovendo cool roofs fotovoltaicos.
Tendências
As pesquisas e inovações em fotovoltaica avançam em diferentes frentes para otimizar a gestão térmica:
- Módulos Transparentes e Semi-Transparentes: aplicações em fachadas e esclarecimentos, sombreamento inteligente e aproveitamento luminoso interno.
- Perovskitas e Tandem: novos materiais com menores coeficientes de temperatura, proporcionando menor aquecimento da célula.
- PV Dinâmico: sistemas móveis que seguem o sol e ajustam a inclinação para maximizar geração e controlar temperatura superficial.
- Agrivoltaica: sinergias entre cultivo e geração solar, criando microclimas sob módulos que protegem solos e culturas.
- Internet das Coisas (IoT) e Monitoramento em Tempo Real: sensores de temperatura, umidade e irradiância integrados para otimização adaptativa da dispersão de calor e desempenho elétrico.
Em suma, as placas fotovoltaicas não apenas geram energia elétrica, mas também reduzem o aporte de calor em edifícios, configurando-se como uma solução de eficiência energética e conforto térmico. A evolução de materiais, sistemas híbridos PV/T e ferramentas de simulação aprofundará ainda mais a compreensão e aplicação desse conceito, contribuindo para construções mais sustentáveis e cidades mais resilientes ao calor extremo.